quinta-feira, 8 de maio de 2008

Como a Porsche saiu do buraco?

A Porsche, uma das mais impostantes montadoras automotivas do mundo, proprietária de status e de carros sabidamente caros, é hoje um exemplo a ser seguido no meio da produção de carros. Tudo isso por ter conseguido em 10 anos sair de uma crise que ameaçava fechar as portas da empresa.

Wendelin Wiedeking, executivo e hoje presidente da marca de Stuttgart é reconhecido como uma estrela de primeira grandeza, e não esconde de ninguém o rumo que deu à Porsche. Quando se tornou presidente da empresa, em 1993, Wendelin começou por remodelar completamente seu método de trabalho. Primeiro, cortou ou substituiu boa parte da antiga equipe. Depois, não teve vergonha de copiar quem estava acertando. Despachou diretores para estudar de perto o método Toyota e o utilizou como base para transformar o sistema de produção de sua montadora. "Naquela época, a Porsche só tinha uma alternativa para sobreviver: fazer tudo absolutamente certo", como disse Klaus Berning, vice-presidente de marketing e vendas da empresa à Revista Exame em setembro de 2007.
Essa remodelação baixou os custos e principalmente o tempo gasto para a produção de um veículo: o tempo de produção de um Porsche 911 caiu de 120 horas em 1990, para 45 em 1995. A rentabilidade da marca deu um grande salto, já que estima-se que a empresa obtenha um ganho médio de 30 mil dólares por carro vendido.

Outra ação de Wendelin foi diversificar a linha de montagem: quando entrou na empresa no começo dos anos 90, a Porsche só produzia o modelo 911. Hoje vende 4 modelos, em 21 versões. São versões Turbo,Carrera, Targa, Carrera 4s e outras das quais não me lembro agora. Ficou mais fácil atingir as pessoas, diversificando a linha de produtos.
Nesse processo de diversificação, a Porsche realizou movimentos ousados, como o lançamento do Cayenne, em 1998. O modelo, um SUV, causou espanto entre os fans da marca, mas é hoje um sucesso que já vendeu 140 mil unidades. Hoje o carro está na sua 3ª geração e e possui inclusive um modelo Hybrid, preocupação ambiental da empresa.

Terceira geração do Porsche Cayenne, uma ousadia que deu certo.

Lançamento do Cayenne Hybrid, no salão de Frankfurt 2006

E a Porsche não parou por aí. Está previsto para o final de 2008 o lançamento do Panamera, um sedan 4 portas desenvolvido pela empresa. Mais uma aposta ousada, que vem para disputar mercado com os carros da BMW e da Mercedes-Benz, que possuem modelos mais familiares. É um novo mercado que vai ser explorado cada vez mais, com certeza.


Porsche Panamera: a mais nova aposta da empresa alemã.

E foi assim que a Porsche saiu do buraco. De um lucro negativo de 170 milhões de dólares em 1990, para um lucro positivo (e bota positivo nisso) de 4,9 Bilhões de dólares em 2007. Com um faturamento bruto de 10 bilhões por ano, a Porsche é hoje a empresa mais lucrativa do ramo, e continua crescendo com a recente compra de boa parte da Volkswagen.


Esse sucesso no momento está sendo procurado por outras empresas deste nicho, como a Ferrari. A marca de Maranello fechou o ano de 2007 com um lucro de 400 milhões de dólares (um valor muito pequeno se comparado ao lucro da Porsche) e decidiu repetir os rumos da concorrente alemã.
Está previsto para 2010 o lançamento da primeira SUV da Ferrari, que vai disputar exatamente o mercado familiar, que tem grande fatia do mercado hoje em dia.


Lançamento da Ferrari para 2010: concorrente direto do Porsche Cayenne, BMW X5 e Mercedez ML500


Essa bela história de sucesso prova mais uma vez que vale a pena ser ousado. Investir em estrutura não basta sem uma metodologia moderna, e cada vez mais o caminho a ser tomado pelas grandes empresas é a diferenciação de seus produtos.
Vale dizer que a novidade tem muito mais impacto do que apenas apostar no valor histórico agregado de uma marca.

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